Trutis volta a atacar PF em nova tentativa de suspender investigações sobre atentado

Deputado federal recorreu de decisão do ministro Dias Toffoli, que derrubou habeas corpus na semana passada

Loester Trutis (-MS) recorreu da decisão do ministro do  (Supremo Tribunal Federal) que derrubou habeas corpus apresentado pelo deputado federal na tentativa de trancar as investigações contra ele sobre suposto atentado a tiros.

O agravo regimental foi protocolado hoje (8) pela defesa de Trutis. No recurso, o parlamentar voltou a atacar o trabalho da Polícia Federal. Ele questiona as provas produzidas pelos investigadores e pede que parte das evidências sejam excluídas do inquérito policial.

A defesa do deputado federal alega que ele não foi avisado de que poderia permanecer em silêncio durante oitivas e reprodução simulada do atentado. Além disso, reclama que o Toyota Corolla em que Trutis e seu assessor parlamentar Ciro Nogueira Fidelis estariam no momento do ataque não foi usado na simulação, embora o veículo estivesse de posse da Polícia Federal.

Trutis também põe em xeque as provas obtidas a partir do rastreador do veículo. O aparelho ajudou os investigadores a identificar que o deputado e seu assessor ficaram parados em uma estrada vicinal na manhã do suposto ataque. No local, a polícia encontrou munições deflagradas e fragmentos de vidro. Mas, na versão do parlamentar, o atentado aconteceu na pista da BR-060, saída de Campo Grande para Sidrolândia.

Relator do habeas corpus, Toffoli negou seguimento ao recurso na última quinta-feira (4). Assim, sequer analisou o pedido de liminar para trancamento das investigações.

O presidente do , Luiz Fux, já havia despachado sobre este mesmo habeas corpus no dia 30 de dezembro de 2020. Na ocasião, entendeu não haver urgência no pedido e determinou a devolução ao gabinete do ministro .

A defesa de Trutis ingressou com dois habeas corpus idênticos durante o recesso judiciário, ainda em dezembro passado. Os pedidos acusavam agentes de produzir provas ilícitas. Além disso, pleiteavam, além do trancamento dos inquéritos na Polícia Federal e no , também a suspensão destes enquanto os HCs não fossem julgados. Caso contrário, o parlamentar pediu o trancamento parcial, a fim de evitar indiciamentos por comunicação falsa de crime e dano.

No último dia de plantão, 6 de janeiro, Fux negou pedido liminar no âmbito de um dos habeas corpus. A defesa de Loester Trutis depois desistiu deste recurso e apostou suas fichas no outro – derrubado na semana passada.

Rosa Weber analisa pedido de dilação de prazo para investigações

 mandou comunicar sua decisão à Rosa Weber, relatora do inquérito no STF que investiga o suposto atentado contra o deputado sul-mato-grossense. A ministra tem em sua mesa um pedido de dilação de prazo, apresentado pela Polícia Federal, que quer mais tempo a fim de concluir a perícia das armas e celulares apreendidos durante a . Rosa também deve apreciar requerimento da defesa de Trutis, que pediu as armas de volta.

Em manifestação assinada pelo vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros, o  (Ministério Público Federal) opinou por aguardar o resultado da perícia de duas das três armas confiscadas com Trutis para emitir parecer sobre a competência do  para investigar o caso. O órgão quer saber se as armas apreendidas foram usadas para disparar os projéteis encontrados na estrada vicinal, o que evidenciaria a possibilidade de o atentado ter sido armado pelo parlamentar.

Além da arma que motivou prisão em flagrante – um fuzil T4 calibre 556 mm, da marca Taurus, equipado com lanterna, mira optrônica, cinco carregadores e bandoleira de três pontos, avaliado em R$ 10 mil -, os policiais acharam uma pistola calibre 9 mm, com carregador e 14 munições, e um revólver calibre .357, com dez munições, na mesa da sala do deputado. A pistola e o revólver ainda não foram periciados.

Nenhuma das armas encontradas com o deputado estavam registradas em seu nome. Conforme as investigações da Polícia Federal, Trutis responde a um processo por violência doméstica, o que impede a inscrição.

Para polícia, Trutis armou atentado de olho em ganho político

As investigações da Polícia Federal se voltaram contra Loester Trutis a partir de trabalhos periciais. Laudos balísticos, de exame de local e informações de georreferenciamento entraram em rota de colisão com o que alegava o deputado e seu assessor.

Assim, a PF concluiu que o atentado foi simulado pelo parlamentar, de olho em dividendos políticos e eleitorais. Trutis é um entusiasta voraz da flexibilização do acesso às armas.

A polícia identificou que ele sequer foi seguido no dia do suposto ataque a tiros. Além disso, a descrição dada pelo deputado federal sobre o veículo supostamente envolvido no atentado atentado contra ele levou os investigadores a uma caminhonete “antiga e deteriorada, que certamente não teria condições mecânicas razoáveis para ser utilizada em um atentado em face de alguém que estava embarcado em um potente Toyota Corolla”, conforme descreve o inquérito.

Com base no trabalho da PF, a ministra Rosa Weber deferiu os pedidos para busca e apreensão contra Trutis, seu irmão, Alberto Carlos Gomes de Souza, Fidelis e Jovani Batista da Silva. Os mandados foram cumpridos durante a , em novembro do ano passado.

Para a magistrada do , as provas obtidas no âmbito da investigação podem implicar Loester Trutis nos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo, dano e comunicação falsa de crime.

O deputado chegou a ser preso durante o cumprimento dos mandados, pois portava um fuzil de uso restrito.

A defesa de Trutis tentou trancar as investigações ao apresentar dois habeas corpus idênticos no plantão de fim de ano do . O primeiro foi negado em caráter liminar pelo presidente da corte, ministro Luiz Fux. O deputado desistiu do recurso e apostou suas fichas no segundo habeas corpus – que terminou derrubado na última quinta-feira (4).

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