Quem fuma acha “exagero” proibir narguilé em locais públicos

Foi remarcada para o dia 3 de abril audiência pública para debater proposta que proíbe narguilé em praças e parques da Capital

Ronie Cruz

Sábado e domingo tem mais gente fumando narguilé do que fazendo caminhada ou correndo na Orla Morena. Entre os frequentadores do local que fazem o uso do ‘narguis’, como é conhecido, a opinião sobre o projeto de lei que tramita na Câmara Municipal para proibir o uso em espaços públicos de Campo Grande é unânime. Para eles, a proposta ‘é um exagero’.

Os usuários, em sua maioria jovens com idades entre 18 e 30 anos, estão ‘ligados’ na proposta polêmica do vereador Wellington de Oliveira (PSDB), que prevê multa de R$ 500 para quem desrespeitar a proibição e o dobro em caso de reincidência. Se quem fuma é menor de idade, o projeto estabelece que o adolescente será encaminhado ao Conselho Tutelar e os pais responsabilizados.

Na opinião do motorista Cristian José Araújo, 22, frequentador da Orla Morena, em vez de proibir deveriam delimitar os lugares para o uso do narguilé. “Acho que é exagero. Deveriam proibir cigarro também que incomoda muito mais. Será que os vereadores não têm outras prioridades?”, questionou.

Já para o estudante Gabriel Arguelho, 18, que frequenta a Orla sempre aos fins de semanas com amigos, a fiscalização não vai dar conta de fazer a lei ser cumprida e a proposta, se aprovada, só faria aumentar o uso. “Acho que tem outras leis para serem criadas. Se for para a morrer [por causa do uso] vai ser a pessoa que usa e não os outros”, opinou. Na roda de amigos, tem quem acredite que a lei possa afugentar ‘todo mundo’ que fuma na Orla.

Na opinião do barbeiro Lucas Leonardo, 20, a lei ameaça ‘rolê’ de quem já não tem muito lugar para ir em Campo Grande. “Já não tem lazer aqui nessa cidade, todo mundo vem aqui para usar e agora querem proibir!?”, questiona ele acrescentando que não vê problemas no uso. O amigo dele, Elizeu Porto, 20, vai além. Ele diz que a proposta vai prejudicar inclusive as tabacarias que fazem a venda, já que a lei poderia fazer diminuir o consumo. “Tem gente que precisa do narguilé para trabalhar. É uma fonte de renda”, afirmou.

Outro frequentador da Orla de 65 anos que aproveita o espaço aos domingos, mas que não usa o ‘narguis’ concorda com a proposta. “Acho que é uma boa. As famílias vêm com crianças aqui caminhar e fica um monte de gente fumando. Não faz bem”, disse o idoso que preferiu não ter a identidade revelada.

Audiência Pública – Uma audiência pública para tratar da proposta está prevista para a tarde do dia 3 de abril na Casa de Leis do município. A audiência foi adiada depois do cancelamento da primeira que havia sido marcada no dia 20, mas que nem chegou a ser realizada por causa de uma queda de energia na Câmara.

De acordo com o autor da proposta, a Câmara Municipal de Campo Grande tem recebido reclamações de pessoas incomodadas com a quantidade absurda que adolescentes e jovens que ocupam praças e parques com o fumacê do narguilé.

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