Protestos a favor da educação fecham Eixo Monumental em Brasília

Estudantes e professores que protestam contra cortes no orçamento do Ministério da Educação fecharam três faixas do Eixo Monumental, em Brasília, nesta terça-feira. A manifestação foi reforçada com a 1ª Marcha das Mulheres Indígena, que também protestavam na Esplanada dos Ministérios. Além da questão orçamentária que pautaram os dois últimos protestos, os manifestantes também expressam insatisfação com o programa Future-se e o governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo a União Nacional dos Estudantes e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, que convocaram as manifestações, os atos acontecerão em pelo menos 170 municípios do país. Em São Paulo, está convocada uma concentração a partir das 16 em frente ao Museu de Arte da capital, na Avenida Paulista.

Em Brasília, onde o ministro Sergio Moro (Justiça) autorizou o uso da Força Nacional de Segurança para fazer a vigilância do MEC, um grupo fechou parte da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), no Distrito Federal. O grupo queimou pneus na via, interrompendo parcialmente o tráfego de veículos.

Na capital federal, a secretaria de educação do DF não suspendeu as aulas nas quase 700 escolas públicas da rede de ensino, mas ainda aguarda informações das coordenações regionais para fazer um balanço do impacto dos atos. Na Universidade de Brasília, a paralisação dos docentes foi aprovada em assembleia geral nesta segunda-feira, 12, pela associação que representa a categoria, mas a adesão efetiva caberá a cada professor.

Nordeste

No Recife, embora a Universidade Federal de Pernambuco não tenha suspendido as aulas, professores e técnicos de vários departamentos dos três campi (Recife, Caruaru e Vitória de Santo Antão) da instituição aderiram ao movimento e não compareceram ao trabalho. Alunos de outras instituições, como o Instituto Federal, também não tiveram aulas.

Um grande ato está ocorre na Rua da Aurora, em frente ao Ginásio Pernambucano. Outras manifestações foram agendadas em, pelo menos, outras quatro cidades do estado: Arco Verde, Caruaru, Garanhuns e Petrolina, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, que também organiza os atos

Em Salvador, manifestantes se reuniram no Largo do Campo Grande, de onde saíram em caminhada até a Praça Castro Alves. Expondo faixas e cartazes, o grupo pediu mais investimentos em educação. No mesmo horário (10h), uma manifestação semelhante ocorria em Feira de Santana.

Em Fortaleza, os manifestantes se concentraram na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica. Participam professores, estudantes e outros trabalhadores da educação. Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao menos 12 cidades cearenses devem sediar alguma atividade alusiva à mobilização ao longo do dia, entre elas Juazeiro do Norte, Sobral e Itapipoca.

Para o atual presidente da UNE, Iago Montalvão, que tomou posse em julho, os protestos refletem uma preocupação da sociedade com o “futuro do nosso país”. “As universidades estão sem condições de funcionar e os estudantes estão preocupados com o que pode acontecer no futuro. Ainda, ao apresentar um programa como o Future-se, o MEC não resolve o problema atual da universidade e aponta uma saída que incomodou muitas vezes, colocando uma dependência do setor privado”, afirmou a VEJA.

Em maio deste ano, dois protestos foram organizados pela entidade contra o contingenciamento de 30% de gastos discricionários das universidades. No dia 15, foram registrados atos em 220 cidades, sendo a maior manifestação contra o governo Bolsonaro. Já no dia 30, o número de manifestantes foi menor, com 115 mobilizadas. Iago Montalvão é otimista e diz que esta terça-feira vai ser “mais um dia de luta da sociedade como um todo”. “Acreditamos que vamos repetir a dose do que aconteceu em maio, com elementos novos”, declara.

Na época das primeiras manifestações, a então presidente da UNE Marianna Dias, em entrevista a VEJA, afirmou que, embora o aperto orçamentário e a escassez de recursos para a educação não seja algo inédito nem uma exclusividade do novo governo, a falta de diálogo da gestão de Bolsonaro é uma das grandes diferenças em relação governos anteriores: “Houve desrespeito”.

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