Paraguai já identificou 20 policiais ‘comprados’ pelo PCC

Vizinho iniciou força-tarefa contra facção com prisão de Minotauro

RAFAEL RIBEIRO

Depois de revelar ter desmantelado planos para resgatar comparsas de Sérgio Arruda Quintiliano Neto, 33 anos, conhecido como ‘Minotauro’, do presídio em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com Ponta Porã, o Paraguai informou nesta segunda-feira (25) ter iniciado um processo de identificação de policiais que possam ter envolvimento com o Primeiro Comando da Capital, facção criminosa que contrla o tráfico de drogas e armas em Mato Grosso do Sul. Pelo menos 20 deles já teriam sido presos.

A informação foi dada por Juan Ernesto Villamayor, ministro do interior paraguaio. Em entrevista concedida nesta manhã, ele afirmou que “não há dúvidas”, da presença de agentes de segurança corruptos que são comprados pelo PCC.

Dados do ministério público paraguaio obtidos pela reportagem mostram que 11 operações já foram organizadas para desmantelar o agrupamento da quadrilha na cidade fronteiriça. Alguns dos planos descobertos envolviam até sequestro de aviões de carreira no país vizinho e explosões de bases das forças armadas locais para aquisição de armas de grosso calibre.

Minotauro foi preso no último dia 5, em Balneário Camboriú (SC). Atualmente está detido no Presídio Federal de Brasília (DF), mesma cidade de onde as autoridades paraguaias dizem ter saído as ordens de resgate de comparsas do traficante.

“Naturalmente  Minotauro tem muita gente a seu serviço”, disse Villamayor. “E venho dizer que de nenhum modo essa atuação dele será tolerada. Os culpados assumirão sua responsabilidade. Os métodos que eles usam são uma barbaridade.”

A apuração das autoridades paraguaias começou após a descoberta de que cinco veículos de luxo apreendidos pela polícia local em operações que desencandearam na prisão de Minotauro em Santa Catarina desapareceram do pátio onde estavam. Nos grampos telefônicos, o traficante, ainda livre, negociava com funcionários públicos valores para facilitar a entrada de comparsas no local com a meta de resgate dos veículos.

Villamayor acredita que foram os próprios agentes quem roubaram os veículos, com o objetivo de desmontá-los e vender suas peças. Claro que com a autorização de Minotauro. Ao mesmo tempo, o ministro aponta que por enquanto tanto os carros quanto os comparsas do traficante seguirão em Pedro Juan Caballero, visto que não existe garantia necessária de transferi-los para a capital Assunção.

Segundo investigações da PF e da Polícia Civil de MS, Neto, que começou a carreira criminosa como ladrão de carga no interior de São Paulo, estaria ocupando o posto de líder da facção criminosa no controle do tráfico de drogas e armas nas fronteiras com Paraguai e Bolívia. O Correio publicou um perfil dele tão logo sua presença na fronteira fora identificada, em março do ano passado, quando foi acusado de matar um investigador em Ponta Porã.

Correio do Estado revelou em 31 de janeiro que a cúpula da segurança pública de São Paulo, onde nasceu o PCC, temia justamente que retaliações, como ataques e tentativas de resgate de Marcola, viessem de integrantes do PCC sediados no Paraguai.

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