Mourão diz que foi pego de surpresa com indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada nos EUA

João Paulo Nucci
SÃO PAULO – O vice-presidente Hamilton Mourão disse ter se surpreendido com a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-PS) ao posto de embaixador nos Estados Unidos, na semana passada. Questionado pelo apresentador Pedro Bial, da TV Globo, se a notícia havia lhe provocado “surpresa ou susto”, Mourão respondeu que “foi mais surpresa”. “Susto não, porque na minha idade não dá mais pra tomar susto”, afirmou o vice, em entrevista gravada na terça-feira, 17, e exibida na madrugada desta quarta-feira, 18.

Apesar disso, o vice desejou “sucesso” ao filho do presidente, “se ele realmente for designado para o cargo”. “O deputado Eduardo Bolsonaro, dentro do que a legislação prevê para pessoas fora da carreira diplomática, atende aos requisitos (para se tornar embaixador). E, óbvio, se é uma decisão do presidente, uma coisa eu coloco muito claramente: decisão não se discute”, afirmou.

Durante a entrevista, Mourão falou ainda das desavenças com o escritor Olavo de Carvalho – quem considera ter sido uma referência importante da direita nos anos 1990, mas que hoje aderiu ao “radicalismo”. “Quando entramos na vida política, isso aí faz parte do jogo. Ser atacado por Olavo ou seja lá quem for, faz parte do jogo. No caso aí, são palavras ao vento”, afirmou o vice.

Mourão também discutiu o papel que cabe ao vice-presidente – na opinião dele, é o de ser uma “linha auxiliar do presidente”, mas que entenda “quais são os limites” do cargo.

Mourão evitou entrar em polêmicas com os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Educação, Abraham Weintraub, ao ser questionado sobre a crise climática – que é negada pelo chanceler – e sobre os conflitos provocados pelo titular do MEC. “O clima mudou, simples assim”, disse o vice, sobre o aquecimento global. Weintraub, por sua vez, foi elogiado por Mourão. “O Abraham está no bom caminho.”

Sobre a crise na Venezuela, Mourão afirmou que recebeu carta branca do presidente, em fevereiro, como representante brasileiro no Grupo de Lima, para tentar “evitar um conflito maior”.

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