Com opção para financiar de veículos até cirurgia plástica, consórcio se reinventa

Vendas de cotas cresceram mais de 20% neste ano, com destaque para o setor de serviços

DANIELLA ARRUDA E EDUARDO FREGATTO

Mais do que imóveis ou automóveis, os consórcios têm se estabelecido, cada vez mais, como uma opção atrativa para adquirir os mais diversos produtos e até serviços. Seguindo uma tendência nacional, Mato Grosso do Sul obteve crescimento superior a 20% na comercialização total de cotas de consórcios em 2018, inclusive superando o índice do País, de 10%, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). As vendas do setor avançaram 22,7% e chegaram a 20.128 cotas no Estado, no período de janeiro a junho deste ano. Com o resultado, MS ficou em terceiro lugar entre as unidades da Federação em maior porcentual de aumento nas cotas comercializadas, durante o primeiro semestre deste ano.

“Por muito tempo, o mercado de consórcios se manteve muito acanhado. Antigamente, os clientes que procuravam as administradoras, mas, hoje, muitas administradoras e representantes delas procuram os clientes de forma direta, com um marketing muito mais forte, munido de informações mais acessíveis”, afirma o empresário Matheus Alexandre Romero Oliveira, que mantém em Campo Grande uma administradora de consórcios. Ele observa de perto o crescimento do setor e identifica algumas mudanças que vêm impulsionando as vendas.

“A procura por cotas ‘serviços’ vem crescendo significativamente”, destaca. “Entende-se por serviços: cirurgias em geral, viagens e festas. A busca por cotas de implementos agrícolas, barcos e motores, caminhões e aviões também aumentaram”. Atualmente, aponta, as opções para se realizar um consórcio são vastas. É possível adquirir, praticamente, “qualquer coisa”.

CUIDADOS 

Apesar da atratividade, é preciso tomar alguns cuidados antes de embarcar em uma compra dessa modalidade. O primeiro passo é ficar atento às taxas de administração a serem pagas no período do consórcio.

Essa taxa nada mais é que a forma como a administradora é remunerada por garantir que o grupo tenha acesso aos bens contratados. Diferentemente da taxa de juros, a de administração é fixa e estipulada em contrato. Sua incidência acontece de forma diluída nas prestações durante todo o consórcio e deve ser considerada como um fator de decisão antes de adquirir uma cota.

“O comprador precisa calcular quanto será pago de taxa no período total do consórcio e quanto abaterá dessa taxa a cada mês”, ressalta Oliveira. “Mas vale destacar que o consórcio não tem juros, e as taxas administrativas variam de 0,16% a 0,22% ao mês [porcentual simples], contra os juros dos financiamentos, que facilmente ultrapassam 1,5% ao mês [juros compostos]”.

Outro ponto importante é ter ciência de que o consórcio é uma compra planejada, e não imediata. Segundo o especialista, há algumas formas de antecipar a retirada do produto, por meio de lances, por exemplo, em que o cliente disponibiliza quantia de dinheiro usada para abater o restante das parcelas. Porém, não existem garantias. Por isso, se a necessidade do bem ou serviço é urgente, o consórcio não é recomendado.
“Fatores que também deverão ser analisados pelo cliente é o número de contemplados ao mês que a administradora concede, possíveis limitações com as cartas de crédito e a burocracia para a retirada do bem”, aconselha.

EXPANSÃO

Criado na década de 1960 no Brasil como uma alternativa financeira para compra de carros, o consórcio se sofisticou nos últimos anos e expandiu suas opções. Hoje, consumidores e empresas podem participar de grupos para compra de carros, motos, imóveis, veículos pesados, serviços e eletroeletrônicos. Na prática, é possível adquirir de celulares a aviões; de cirurgias plásticas a sistemas para geração de energia solar.
O prazo médio de duração dos consórcios de motos e automóveis era de 60 meses. Depois da crise, passou a ser de até 72 meses para motos e até 84 meses para automóveis.

O segmento de veículos automotores é o principal, representando perto de 65% do total dos negócios, aponta a Abac. Mas modalidades mais novas, como a de consórcio de serviços, têm ganhado espaço. No primeiro semestre deste ano, os negócios no segmento somaram R$ 158 milhões, alta de 61% em relação ao mesmo período de 2017.

O setor tem hoje 153 administradoras no País, segundo o Banco Central.

Diante desse cenário de crescimento, Mato Grosso do Sul se destaca como um dos estados em que o consórcio se torna uma das principais opções de compra. “MS tem sido alvo de grandes administradoras que estão vindo a expandir seus negócios. Empresas relevantes estão com grandes projetos para a expansão do consórcio, tanto para Campo Grande, quanto para todo o Estado”, finaliza Matheus Oliveira, empresário do setor. (Com informações do Estado de São Paulo)

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