Bolsonaro reconhece culpa na articulação e diz que Centrão virou “palavrão”

Amanda Carvalho

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (26.mai.2019) que tem culpa pela falta de comunicação com as Casas Legislativas. O presidente concedeu entrevista à TV Record após atos pró-governo terem sido realizados pelo país. O chefe do Executivo disse que manifestações vieram “do coração do povo para cobrar o Legislativo”.

“Foi uma manifestação espontânea. É um povo ordeiro que veio cobrar, pedir aos poderes Executivo, Legislativo trabalhem. Coloquem em pauta matérias que interessam para o futuro do nosso Brasil”, falou.

Ao ser questionado sobre sua relação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), Bolsonaro respondeu: “Vai indo bem. É uma pessoa que é diferente de mim. Ele não tem esse poder dentro da Câmara. Está fazendo a sua parte”.

Voltou a falar também em “harmonia” entre os Três Poderes. Disse que voltará a procurar Maia, Davi Alcolumbre e Dias Toffoli. Todos eles foram alvo dos manifestantes que foram às ruas neste domingo.

“Vou voltar a conversar com o Rodrigo Maia nesta semana novamente, com o Davi Alcolumbre, o Dias Toffoli, para gente ter 1 pacto entre nós para colocar o Brasil no destino que toda a população quer. Temos tudo para sermos uma grande nação. Falta nós aqui em Brasília conversarmos 1 pouco mais e discutir o que temos que votar em especial.”, afirmou.

O chefe do Executivo assumiu, ainda, culpa na articulação com o Legislativo. “Devemos conversar um pouco mais. A culpa é minha também.”

Sobre a reforma tributária, Bolsonaro disse que se o Congresso fizer, “sem problema nenhum”. Afirmou ainda que não conhece bem o texto do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), mas que “se a proposta dele for boa”, vai “tocar essa proposta”.

O presidente também comentou sobre os protestos contra cortes na Educação realizados em 15 de maio. Disse que exagerou ao chamar estudantes de “idiotas úteis”.

“Eu exagerei, concordo, exagerei. O certo são inocentes úteis. São garotos inocentes, nem sabiam o que estavam fazendo lá. Na teoria, usa-se a inocência das pessoas para atingir o objetivo. Uma vez atingido, as primeiras vítimas são exatamente essas pessoas. Então a garotada foi na rua contra corte na educação. Não houve corte, houve contingenciamento. Eu deixei de gastar, não tirei dinheiro. Segurei aproximadamente 3,6% do montante, que seria 30% de 12% das despesas discricionárias e a molecada foi usada por professores inescrupulosos para fazer fazer manifestação política contra o governo”, disse.

Centrão virou palavrão

O presidente aproveitou para estimular os congressistas a se “libertarem” de seus partidos para votar a favor das pautas do governo.

“Centrão virou palavrão”, afirmou. Disse que o grupo foi “satanizado” e que os deputados deveriam atuar para se desvincular “disso daí, porque é bastante complicado ser pejorativamente enquadrado como Centrão que quer negociar”. 

Além disso, Bolsonaro afirmou que o Centrão “não existe mais”.

Reforma da Previdência

Bolsonaro também afirmou que não pretende atuar diretamente no Congresso para aprovação da reforma da Previdência. Mas voltou a cobrar mais proatividade do Congresso para evitar o agravamento da crise econômica.

“Eu te pergunto? O que tenho que fazer? Ir para dentro do parlamento conversar? Não é uma boa prática. Se nós não enfrentarmos isso, e rápido, o Brasil pode sucumbir economicamente, como o ministro [da Economia] Paulo Guedes já falou.”

Bolsonaro aproveitou para rebater o que chamou de “fofoca” a respeito da saída de Guedes do governo caso a reforma da Previdência não seja aprovada.

“Fizeram fofoca conosco. Se o Brasil economicamente naufragar, a função dele acaba”, explicou, mas disse que ambos estão com boa relação.

Trânsito e meio ambiente

O presidente disse que pretende, “se não houver óbice constitucional”, repassar aos Estados o poder para decidir por meio de suas Assembleias Legislativas sobre questões como trânsito e meio ambiente.

Para Bolsonaro, Roraima deve saber melhor o que fazer com o meio ambiente, assim como o Pará poderia decidir sozinho sobre regras para a mineração local: “Cada Estado decide as suas pautas”, falou.

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