Bolsonaro muda discurso e agora diz que “não teve intenção de agredir os poderes”

Depois de dizer que desobedeceria o Judiciário, Bolsonaro voltou atrás, publicou nota conciliadora; bolsa virou para alta

Eduardo Miranda

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) divulgou na tarde desta quinta-feira (9) um texto em que fala sobre a crise institucional, abalada depois das falas dele mesmo contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Morais.

No movimento, o presidente – depois que várias rodovias do Brasil foram bloqueadas por caminhoneiros aliados, mesmo contra a vontade dele – parece levantar bandeira branca às outras instituições.

O documento foi redigido por Bolsonaro após almoço com o ex-presidente da República Michel Temer. Depois da publicação da carta (leia a íntegra abaixo), a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que operava em baixa, disparou e virou para alta.

No documento, Bolsonaro ele afirma nunca “intenção de agredir quaisquer dos Poderes”, e que a harmonia entre eles é uma determinação constitucional. Fala bem diferente das dos atos do dia 7, em que chamou o ministro Alexandre de Morais de “canalha”, e afirmou que iria “enquadrar” os ministros do Supremo. Também afirmou que não cumpriria as decisões de Moraes.

O presidente credita a crise institucional a “discordâncias” em relação a decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, mas afirma que “essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal”.

Leia abaixo a íntegra:

 

Declaração à Nação

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

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