Tio Tretas: deputado de MS se envolve em mais uma confusão

Ele ainda ameaçou pedir a prisão do prefeito e do secretário de Saúde caso não fosse resolvida a situação das mães que protestavam no CEM
Nyelder Rodrigues

O deputado federal sul-mato-grossense Loester Carlos (PSL), conhecido também como Tio Trutis, se envolveu em mais uma treta – como são popularmente chamadas as confusões.

Polêmico e midiático, Loester agora atrai holofotes por ‘encarar’ a Guarda Municipal durante o protesto de mães em frente ao Centro de Especialidades Médicas (CEM).

Afirmando ter sido chamado ao local pelas mulheres, o deputado reforçou o coro contra a ineficiência do serviço de distribuição de itens, como fraldas, e suplementos usados na alimentação de crianças especiais, frisando que pediria a prisão do prefeito e do secretário de Saúde caso não houvesse o regular fornecimento.

“Tomei as dores das mães de crianças especiais, que estão abandonadas pela prefeitura”, frisa Trutis em uma parte de vídeo postado no Facebook.

“Se preciso for, vou pedir a prisão do prefeito, do secretário de Saúde, de quem mais precisar, assim como quase tivemos que fazer hoje para conseguir inspecionar o estoque”, frisa o parlamentar.

No caso, ele embasaria o pedido de prisão em liminares da Justiça que não estariam sendo cumpridas pelo município, já que os alimentos e objetos que as mães protestavam por não terem acesso, são fornecidos graças à intervenção judicial.

Armamentista e defensor das forças de segurança, ele também reclamou da presença de guardas municipais no protesto.

“A prefeitura sabe enviar a tropa de choque dela para cá, mas há comerciantes sendo roubados no Centro por usuários de drogas porque a Guarda não está fazendo rondas ostensivas e está aqui para combater mães?”.

O outro lado

A reportagem questionou à comunicação da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) sobre a situação e, em resposta, foi dito que, apesar da prerrogativa de fiscalizar serviços, Trutis teria cometido excessos, segundo relatos dos servidores, que se sentiram intimados por ele – que deu voz de prisão caso não o deixassem entrar.

“Foi necessário acionar a Guarda Municipal para intervir. A Sesau lamenta esse tipo de situação e reforça que em nenhum momento foi procurada oficialmente pelo deputado para esclarecer o que fato estaria acontecendo”, frisa em nota a pasta.

A Sesau ainda completa que o fornecimento dos insumos e materiais é feito por demanda judicial e, assim, é necessário consulta individual dos processos de cada paciente para afirmar quais estão em falta, em estoque ou em processo de aquisição.

Alguns pacientes já estão tendo o fornecimento regularizado nesta semana.

“É possível adiantar que alguns destes insumos, dietas e materiais, como a fralda, por exemplo, estão em processo de compra e é necessário aguardar o processo burocrático, bem como o prazo de entrega da empresa para que seja concretizado o fornecimento ao paciente.

A Sesau esclarece que já pediu celeridade”, conclui.

As tretas de Trutis

Trutis surgiu ao público nas redes sociais, com postagens polêmicas contra veganos, discussões com opositores de suas ideias e divulgação do estabelecimento de que era dono, o Trutis Bacon.

Contudo, com o crescimento do bolsonarismo, Loester foi mais um a simpatizar com a nova vertente política e daí em diante, alçou voos maiores.

De lá para cá, ele acumula participação em inúmeras confusões, como no caso em que donos de uma oficina afirmam terem sido ameaçados por ele diante de um serviço ao qual ele teria ficado insatisfeito. O caso foi parar na delegacia, sendo registrado boletim de ocorrência por ambos.

Ele também se envolveu em confusões com os deputados estaduais, os chamando de “bunda-moles”. A Assembleia Legislativa chegou a estudar denunciar Loester à comissão de ética da Câmara Federal, mas a questão acabou não progredindo.

Entre tantas, houve também divergências e troca de farpas pela internet com partidários do próprio PSL, que o acusaram de virar às costas para Jair Bolsonaro e ficar ao lado do presidente do partido, Luciano Bivar. Ele sempre negou que tenha agido dessa forma.

Também houve a vez em que Trutis, em seu carro oficial, foi alvo de tiros na saída de Campo Grande para Sidrolândia.

Ele destacou na época que foi vítima de um atentado de cunho político e revidou os cinco tiros desferidos contra ele.

Outra ‘treta’ de Trutis aconteceu ao criticar as moções de congratulação da Câmara Municipal.

A confusão, à distância, contou inclusive com revide verbal do vereador Delegado Wellington (PSDB) e uma camisa de Loester provocando o vereador.

Antes da confusão de hoje no CEM, Trutis também protagonizou uma pequena desavença com seu correligionário de PSL, o deputado estadual Capitão Contar.

A situação ocorreu ao Contar responder críticas sobre a atuação da Assembleia Legislativa na fiscalização do trabalho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Além disso, ele também enviou para um grupo de WhatsApp mensagens onde diz que os integrantes daquele espaço não tinham votos e ainda chamou um dos participantes, que mantém um perfil bem-humorado e irônico nas redes sociais, para a ‘porrada’.

Recentemente, Trutis também aderiu a um movimento de direita em oposição do prefeito Marcos Trad (PSD), que vai concorrer à reeleição em novembro tendo como adversário, justamente, um partidário de Trutis, que recebe amplo apoio do mesmo, o vereador Vinicius Siqueira – que na Câmara fez oposição desde o início de seu mandato.

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