Secretário questiona critérios que colocaram Campo Grande em grau extremo da Covid

Ofício foi encaminhado ao Governo questionando modelo de avaliação que classificou a cidade em bandeira preta

Glaucea Vaccari

Secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, enviou ofício ao Governo do Estado questionando avaliações do Programa Prosseguir, que classificaram Campo Grande como bandeira preta, em grau de risco extremo da Covid-19.

Em sessão remota da Câmara Municipal, o secretário afirma que há divergência de bandeiramento da Capital, e o ofício foi encaminhado ao secretário estadual de Governo, Eduardo Riedel, ainda sem resposta.

Conforme José Mauro, dos dez critérios de avaliação do Prosseguir, três envolvem a macrorregião de Campo Grande.

“Ou seja, nós precisamos ter uma nota na macrorregião que envolve 34 municípios, para qe possamos atingir um grau de notas e a somatória de notas dá o correspondente da avaliação de Campo Grande”, explicou o secretário.

Segundo ele, uma dessas avaliações é referente ao quantitativo de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) existentes no município, se o número é suficiente para 30 dias.

“Nós não temos essa gerência sobre os 34 municípios e nem sequer podemos avaliar esse indicador nos 34 municípios”, disse.

“Isso é uma discussão importante porque quando se fala em lockdown em Campo Grande a gente deve considerar também a internação de pacientes oriundos do interior”.

Com relação aos leitos de Unidade de Terapia Intensiva, José Mauro afirma que o programa estabelece disponibilidade de 25%, o que ele considera como muito difícil em qualquer cidade do Brasil e do mundo.

“Se hoje contabilizarmos 25% dos 305 leitos, só em Campo Grande deveria ter 70 leitos disponíveis para que pudéssemos alcançar um nível de nota”, afirmou, acrescentando que também tenta junto ao governo construir um regramento diferente de notas neste quesito.

Secretário também afirmou que 34% dos pacientes internador na Capital são oriundos de municípios do interior do Estado, não apenas com Covid-19, mas por outras causas.

Ele apresentou ainda dados que apontam que Campo Grande conta com 305 leitos de UTI, entre os públicos e contratualizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais privados. Considerando apenas os públicos são 252.

Por fim, José Mauro disse que ainda serão implementados mais 30 leitos ainda neste mês e pediu a colaboração da população no cumprimento das medidas de distanciamento social, uso de máscaras e demais decretos municipais.

Além dos três quesitos que envolvem a macrorregião, secretário disse que questionou todos os dez critérios de avaliação.

Prosseguir

O Programa de Saúde e Segurança da Economia (Prosseguir) classifica os municípios em faixas de cores de acordo com o grau de risco, que varia de baixo a extremo, e apresenta recomendações de medidas a serem tomadas no combate a disseminação e aos impactos do coronavírus.

Na última divulgação, Campo Grande se manteve com risco extremo e, para as cidades do grau extremo, de cor preta, a recomendação é restrição mais rígida, com fechamento de atividades não essenciais.

O Prosseguir apresenta um indicativo e recomendações de quais medidas devem ser tomadas, mas a autonomia de decisão é dos municípios.

Para gerar a classificação, o programa avalia indicadores municipais relacionados à disponibilidade de leitos de UTI, quantidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), busca por contatos de casos confirmados, redução da mortalidade por Covid-19, disponibilidade de testes, incidência na população indígena, redução de casos entre profissionais da saúde, redução de novos casos, fronteira ou divisa com estado que tenha aumento de casos e necessidade de expansão de leitos.

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