Na Câmara, ministro ressalta prioridade a educação básica e ensino técnico

João Pedroso de Campos

Convocado a prestar esclarecimentos no plenário da Câmara sobre os cortes de recursos anunciados pelo Ministério da Educação, sobretudo nas universidades federais, o ministro Abraham Weintraub reafirmou a posição do governo Jair Bolsonaro de priorizar investimentos na pré-escola, no ensino fundamental e no ensino técnico.

Nos primeiros trinta minutos de sua explanação aos deputados, período em que pôde falar sem interrupções, Weintraub enumerou, em uma apresentação de slides, dados que apontam para a necessidade de investimentos em pré-escola e ensino básico. As informações são as mesmas mostradas a ele na Comissão de Educação do Senado, na semana passada.

Weintraub citou “ondas de fracasso” nas escolas públicas e afirmou que a “forma como a gente está ensinando as crianças, sem dar creche e pré-escola, aumenta a disparidade no país”.

O ministro ressaltou que falhas na alfabetização levam a mau desempenho de alunos no ensino médio e no ensino técnico e aprofundam disparidades de renda. “A forma como vai alfabetizar tem que ter método e técnica”, diz o ministro da Educação. Ele declarou que o MEC “não quer fazer nada sozinho” nesse aspecto e deve dar “orientação, recursos e acompanhamento a estados e municípios”, responsáveis por pré-escolas, ensino fundamental e ensino médio no país.

Em relação ao ensino profissionalizante, Abraham Weintraub comparou os 8% de vagas no ensino médio brasileiro destinadas ao ensino técnico, contra 31% no Chile, 53% no Reino Unido, 44% na França, 45% na Alemanha, 55% na Alemanha e 18% na Coreia do Sul.

Sobre o país asiático, cujos números são os mais próximos dos do Brasil, Weintraub afirmou que os coreanos já passaram da fase do ensino técnico para a do ensino superior.

“A Coreia dos Sul, em três gerações, saiu de uma sociedade pobre, pior que a brasileira em termos de renda, e se transformou em uma nação de cientistas. Mas eles construíram a casa como se deve, primeiro a fundação, depois as paredes, depois o telhado e o acabamento ficou por último, eles investiram na base fizeram ensino técnico, e agora os técnicos são engenheiros, é uma sociedade de engenheiros”, afirmou.

O ministro disse ainda que o ensino profissionalizante “gera riquezas” à sociedade e que o impacto da produção científica deve ser considerado para a concessão de bolsas de estudo no ensino superior – que, ressaltou, é o único nível da Educação brasileira que tem padrões satisfatórios. “Quem produz recebe, quem não produz, não recebe”, afirmou Weintraub.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que oferece 200.000 bolsas de pós-graduação, congelou 3.474 bolsas de estudo ociosas.

“Não estou querendo diminuir o ensino superior, o que a gente se propõe é cumprir com o plano de governo apresentado à população na campanha. A prioridade é pré-escola, ensino fundamental e ensino técnico. Mantendo a atual estrutura das universidades, mas mudando a estratégia”, declarou.

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