Mandetta: “Retorno do futebol pode causar transmissão desordenada”

Ex-ministro disse que momento atual é de crescimento da curva de contágio da Covid-19 e que é cedo para retomar torneios esportivos
Glaucea Vaccari

Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta afirmou que o retorno das competições de futebol no Brasil poderiam acelerar o contágio pelo coronavírus e levar a um quadro de transmissão desordenada. Afirmação foi feita durante entrevista à ESPN Brasil, nesta quinta-feira (7). Campeonatos estão parados desde o início de março, devido à pandemia, e federações e clubes têm pedido o retorno dos torneios ou, pelo menos, dos treinos.

Conforme Mandetta, o momento atual é de crescimento da curva de contágio da covid-19 no País e ainda é cedo para retomar competições esportivas.

“Quando você quer acelerar a volta, um debate que eu tive com vários empresários, você corre o risco de acelerar, em nome da atividade econômica ou do esporte… Esses argumentos são muito fortes, aí a pessoa cai na tentação de acelerar. Essa aceleração pode levar a um quadro de transmissão desordenada, que leva a cidade ao que chamam de ‘lockdown’. Não gosto de palavras inglesas, eu chamo de quarentena”, disse o ex-ministro.

Mandetta usou como exemplo situação da Itália, onde se discute se o futebol tem parcela de culpa no crescimento da pandemia na região da Lombardia, a mais afetada do país pela Covid-19. Partida entre Atalanta e Valencia, pela Liga dos Campeões no início de fevereiro, com mais de 40 mil pessoas no estádio San Siro, em Milão, seria um dos locais onde houve transmissão em massa.

“A região da Lombardia colocou na conta dele os jogos de futebol como um dos prováveis vilões da proliferação”, afirmou Mandetta.

Ainda segundo o ex-ministro, além da curva ascendente, o Brasil tem problemas de equipamentos de proteção individual (EPI), respiradores e profissionais de saúde e, retornar competições ou atividades de público agora, podem causar o colapso na Saúde, como tem acontecido já em algumas cidades.

“O que seria razoável seria administrar duas variáveis: velocidade de transmissão e vulnerabilidade. Melhorando a performance do sistema e controlando ao máximo a transmissibilidade, a gente passaria por esse estresse de maneira um pouco mais lenta. Em dois ou três meses, passaríamos, mas com muito menos perdas”, comentou o ex-ministro.

PEDIDO DE RETORNO

Em comunicado, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e a maior parte dos clubes do Rio pediram o retorno dos treinos, com exceção do Fluminense e Botafogo, que não assinaram o documento, subscrito por Flamengo, Vasco, America, Americano, Bangu, Boavista, Cabofriense, Friburguense, Macaé, Madureira, Nova Iguaçu, Portuguesa, Resende e Volta Redonda.

No documento, A Ferj e os clubes afirmam que vão cumprir todas as determinações das autoridades do governo e de saúde e garantem que a retomada dos trabalhos não vão gerar maior risco de contaminação dos jogadores, membros das comissões técnicas e funcionários dos clubes.

Print Friendly, PDF & Email