Mandato de Bia Cavassa ‘custou’ quase R$ 5 milhões; o de Tio Trutis, R$ 12 mil

Se política fosse negócio, eleitos já estariam contabilizando perdas irreparáveis

Celso Bejarano, de Brasília

Se dinheiro investido ou gasto nas campanhas eleitorais fosse um negócio de busca lucrável, alguns parlamentares eleitos, ao menos da bancada federal de Mato Grosso do Sul, já teriam a certeza de que, no fim do mandato em vigor, em 2022, fizeram uma péssima aplicação.

O mandato da deputada federal Bia Cavassa, do PSDB, que assumiu na condição de terceira suplente, por exemplo, custou perto de R$ 5 milhões.

Já a vaga do deputado estreante no parlamento federal, Tio Trutis, do PSL, R$ 12 mil, cifra 416 vezes menor do que a consumida na campanha de Bia.

Deputados federais e senadores da República recebem de salário R$ 33,7 mil, mas, com os descontos na folha, como o imposto de renda, embolsam em torno de R$ 22,7 mil por mês. Somadas as remunerações arrecadadas em quatro anos, período do mandato, eles ganham R$ 1.089 milhão.

Dagoberto Nogueira, deputado federal do PDT, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) gastou R$ 1,8 milhão na campanha, dinheiro saído, principalmente, do partido.

No caso, ainda formulando a questão como se a atividade política fosse uma transação financeira, o parlamentar teria amargado um prejuízo de R$ 800 mil, já que em quatro anos deve receber em torno de R$ 1 milhão referentes aos salários.

A conta usada nesse material não contabiliza eventuais reajustes salariais dos políticos daqui em diante.

Gastos da campanha eleitoral de Vander Loubet, o deputado federal do PT que ocupa o quinto mandato, segundo o TSE, somaram R$ 888,7 mil. Ou seja, no fim do mandato notaria um rendimento de cerca de R$ 100 mil.

Beto Pereira, deputado federal do PSDB, é outro que elegeu-se com uma campanha de farta cifra: R$ 833,5 mil. Isto é, lucro inferior a qualquer plano financeiro disponível no mercado financeiro.

Fábio Trad, parlamentar do PSD, conquistou o mandato como segundo mais bem votado deputado federal de MS. Sua campanha eleitoral consumiu, segundo o TSE, R$ 688,6 mil. Se política negócio fosse, Fábio teria um ganho de R$ 300 mil no fim do mandato.

Rose Modesto, deputada federal do PSDB, campeã de votos nas últimas eleições, gastou R$ 778,7 mil na campanha eleitoral. Comparando  a soma obtida com o salário pelos quatro anos de mandato, a tucana teria um ganho de ao menos R$ 200 mil.

MANDATO MAIS CARO

A também tucana Bia Cavassa ocupa um dos mandatos mais caros da Câmara Federal. Sabe por quê? De acordo com o TSE, a campanha dela custou R$ 206,3 mil. Ocorre que Bia assumiu a cadeira como a terceira suplente. A dona da vaga seria a ex-deputada federal Tereza Cristina, do DEM, que havia se reelegido.

Como foi escolhida ministra da Agricultura pelo presidente Jair Bolsonaro, assumiria o lugar dela o ex-deputado federal Geraldo Rezende, que não quis o cargo por ter sido convidado pelo governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, para ocupar a chefia da Secretaria Estadual de Saúde.

Sem Tereza e Geraldo, seria dono do mandato o ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, do PP. Contudo,  a Justiça Eleitoral cassou a candidatura de Bernal e ele perdeu o mandato. Daí, a vaga caiu no colo da outra tucana, a Bia Cavassa.

Agora, aos números: campanha da Bia Cavassa, a que ficou com o mandato, custou R$ 206,3 mil; a de Alcides Bernal, o que foi impedido de assumir a vaga por embaraços judiciais, R$ 1,3 milhões, a de Geraldo Rezende, que virou secretário estadual, R$ 1,058 milhão, Já a campanha da ministra consumiu, segundo o TSE, impressionantes R$ 2,2 milhões.

Ou seja, o mandato de Bia custou quase R$ 5 milhões. Se encarado como negócio o valor da campanha e a importância salarial recebida pela atividade parlamentar nos quatro anos, a quantia investida na vaga de Bia teria causado um prejuízo de R$ 4 milhões.

RINDO A TODA

Já os parlamentares do PSL, partido de Bolsonaro, se fossem negociante, estariam rindo a toa hoje em dia. A campanha do deputado federal Tio Trutis, conforme número divulgado pelo TSE, custou apenas R$ 12 mil; e a do parlamentar Dr. Luiz Ovando, R$ 21,6 mil. A dupla do PSL nunca tinha ocupado cargo político conquistado por voto.

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