Influência do Planalto nas eleições da Câmara dos Deputados é violenta, diz Rossi

Candidato do MDB à presidência da Câmara esteve ontem em Campo Grande para pedir votos

Flávio Veras

Em visita a Campo Grande, o deputado federal e candidato à presidência da Câmara dos Deputados Baleia Rossi (MDB) afirmou que “nunca houve uma interferência tão violenta do Planalto nas eleições das presidências da Câmara e do Senado”.

Rossi esteve na Capital para tentar conversar com os deputados que ainda estão indecisos, apesar da indicação dos partidos.

Baleia Rossi cumpriu sua agenda ao lado da senadora e candidata ao comando do Senado Simone Tebet (MDB).

Em entrevista coletiva, que teve a presença de diversos caciques emedebistas do Estado, Rossi afirmou que a tarefa de convencer os parlamentares não será fácil, pois tanto ele quanto Tebet disputam contra a máquina federal.

“Nós nunca vimos uma influência tão violenta do Planalto nas eleições da Câmara e do Senado. Nós nunca vimos essa frente de liberação de recursos, emendas e cargos para a conquista da Mesa Diretora das duas Casas. É a eleição que mais tem visibilidade na sociedade, portanto, é muito importante que todos acompanhem”.

“Contudo, o que está em jogo não é quem serão os presidentes do Legislativo, mas se nós vamos ter compromisso com uma agenda de recuperação econômica, se nós vamos ter forças para votar uma agenda social ou se nós vamos ter mais uma década de crescimentos pequenos na economia e de insucessos, que infelizmente acabam refletindo na vida de toda a população. Portanto, a participação de toda a sociedade [é importante], pois o que está em jogo no dia 1º de fevereiro [eleição da Câmara] é o futuro do nosso País”, explicou.

Perguntado sobre como seria possível tentar convencer os parlamentares em torno de seu nome sem ter por trás a máquina pública, o candidato afirmou que será possível esse movimento com o que ele denominou “boa política”.

“Vamos enfrentar a máquina do governo com a boa política. Eu fui vereador e deputado estadual e federal. Ter esse currículo me demonstrou que um parlamento independente para trabalhar ajuda muito mais o município, o estado e o País. Um congressista conseguirá cumprir seu mandato na plenitude, se ele tiver essa independência. Portanto, na política eu tenho certeza que sairemos vencedores”, projetou.

ARTICULAÇÃO

Em busca dos votos dos parlamentares que ainda estão indecisos, Rossi se reuniu com a bancada sul-mato-grossense para um almoço. Segundo o emedebista, estiveram no encontro os deputados tucanos Beto Pereira, Bia Cavassa e Rose Modesto, além de Loester Trutis (PSL) e Vander Loubet (PT).

Não foram ao encontro os deputados Fábio Trad (PSD), por estar em recuperação após ter sido infectado pelo novo coronavírus, e Luiz Ovando (PSL), que tinha um compromisso federal.

“Eu não posso afirmar quantos votos eu terei dos deputados aqui de Mato Grosso do Sul, este questionamento deve ser feito a eles. Porém, posso dizer que a conversa foi boa, pois demonstrei a eles que minha candidatura não é de oposição ao governo federal – ela busca a independência da Casa de Leis. Tentarei agora falar com os deputados [Luiz] Ovando e [Fábio] Trad e demonstrar nossos objetivos à frente da Casa”, disse.

ACENO

Em entrevista ao Correio do Estado na semana passada, o deputado Luiz Ovando afirmou que apesar do apreço e da admiração que tem pela figura de Rossi, não votaria nele por ter se aliado aos partidos de esquerda PT e PDT, que pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Porém, pouco antes do término da coletiva, o deputado governista apareceu no diretório do MDB para conversar com Rossi. O gesto pode ser um aceno à candidatura dele por parte de Ovando, que não quis falar com a imprensa na oportunidade.

CRISE SANITÁRIA

O Brasil na última semana se deparou com a crise sanitária de falta de oxigênio e leitos em Manaus, capital do Amazonas, em decorrência do aumento do número de infectados pela Covid-19.

Esse fato acendeu um alerta em todos os estados brasileiros, e diversas autoridades se posicionaram contra uma suposta inércia do governo federal em relação à pandemia, agravada com o problema de saúde pública manauara.

Após o fato, diversos parlamentares, entre eles Simone Tebet e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediram a suspensão das férias do Congresso Nacional para debater a crise.

Rossi, perguntado sobre se esse retorno seria realmente necessário e se esses debates ajudariam na aprovação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), respondeu:

“Mais do que encontrar possíveis erros do governo federal, devemos buscar soluções. Eu sou totalmente a favor de que os parlamentares do Congresso Nacional voltem a trabalhar”, enfatizou.

No mesmo evento, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) pediu a Rossi que, se presidente, abra processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Print Friendly, PDF & Email