Gaeco ataca altas patentes da PM envolvidas com contrabandistas

Sete oficiais superiores foram presos, suspeitos de facilitação de passagem de cigarros
Thiago Gomes

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço de investigação do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), está fazendo uma devassa entre altas patentes da Polícia Militar do Estado. Foram presos sete oficiais superiores suspeitos de ligações com contrabandistas de cigarros paraguaios. A nova ofensiva, desencadeada nesta sexta-feira, leva o nome de Avalanche e é a terceira fase da Operação Oiketicus, deflagrada em 2018, quando outros policiais de várias graduações e patentes foram apontados como facilitadores da passagem de cargas de cigarros vindas do país vizinho.

Nesta sexta-feira, logo pela manhã, equipes do Gaeco e da Corregedoria da própria PM foram até a casa de oficiais para dar cumprimento a mandados de prisão preventiva. Foram cumpridos sete mandados de prisão e 13  de busca e apreensão, expedidos pelo juízo da Auditoria Militar Estadual.

A operação é continuidade das investigações em torno da organização criminosa composta de policiais militares que atuavam na facilitação do contrabando de cigarros em MS.

São apurados crimes como organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Campo Grande, Coxim, Sidrolândia, Naviraí, Aquidauana e Dourados.

PRESOS

Um dos presos é o tenente-coronel Carlos Silva, comandante do Batalhão da Polícia Militar em Dourados. Também foram presos o ex-diretor do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) coronel Kleber Haddad Lane e o comandante da unidade PM de Naviraí, tenente-coronel  Wesley Freitas Araújo. Outro a ser levado pelo Gaeco foi o major Luiz César de Souza Herculano, de Coxim, a exemplo do tenente-coronel Josafá Pereira Dominoni, que ultimamente estava na 5ª Companhia da Polícia Militar em Campo Grande, após ter comandado Sidrolândia. O tenente-coronel Erivaldo José Duarte Alves, de Sidrolândia, e o tenente-coronel Jidevaldo de Souza Lima, que estava chefia da 4ª Seção do Estado-Maior da PM, na Capital.

ESQUEMA

Segundo as informações, havia uma tabela de propina já acertada com os fornecedores do produto no Paraguai. Dependendo da patente dos envolvidos no esquema, a propina variava de R$ 10 mil a R$ 30 mil por mês.

O esquema de facilitação de passagem das cargas de cigarros não é novo no Estado. Em abril de 2017, a Corregedoria da PM detectou uma “rede de policiais militares, maioria da fronteira, envolvidos em crime de corrupção e organização criminosa”.

Em 2018, foi realizada a primeira fase da Operação Oiketicus, com o objetivo investigar o pagamento de propinas a esses policiais, que facilitavam a circulação de veículos de cigarreiros. Havia uma “rota cigarreira”, integrada por rodovias, estradas e cabriteiras usadas para transportar cigarros produzidos no Paraguai

CONDENAÇÕES

Por causa disso, o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, apontado como um dos principais articuladores do esquema, foi condenado a sete anos, um mês e dez dias de reclusão. Ele foi condenado por corrupção passiva com continuidade delitiva, pois teria agido entre 2016 e 2018.

Um outro oficial, o tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva também pegou sete anos, um mês e dez dias de prisão por corrupção passiva com continuidade delitiva, pois, assim como Cristaldo, agiu entre 2016 e 2018. Luciano foi absolvido de organização criminosa. O major Oscar Leite Ribeiro foi condenado a pena de dois anos de detenção, inicialmente em regime aberto, pelo delito de prevaricação.

Outros militares, com graduações de soldados a sargentos, também foram condenados. Ao todo, até a conclusão das investigações, 29 policiais militares foram presos na Operação Oiketikus, que investiga desde 2015 os passos da quadrilha formada pelos agentes de segurança pública nas rotas de passagem de contrabando.

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