Exame.com Barragem mancha imagem da Vale, que estava em ótimo momento

Mariana Desidério

O rompimento da barragem em Brumadinho (MG) que deixou mortos e desaparecidos,  afeta em cheio a imagem da mineradora Vale. “No caso de empresas grandes como a Vale, Petrobras, o Google, a imagem da companhia da companhia vale muito dinheiro”, afirma Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Segundo Pires, a barragem de Mina Feijão representa apenas algo entre 1,5% e 2,5% do operacional da companhia. Portanto, não se deve esperar grandes consequências na receita. No entanto, o dano na imagem ainda é imensurável. “É uma recorrência, a empresa estava se recuperando do episódio de Mariana. Hoje essa questão ambiental pode causar muito prejuízo ao valor de uma companhia. Vamos saber melhor como isso vai afetar a empresa na segunda-feira, com os mercados abertos em São Paulo”, afirmou Pires.

A empresa pode sofrer restrições de clientes mais preocupados com a questão ambiental, afirma Jorge Vieira, professor de relações com investidores da ESPM. No entanto, o professor lembra que há empresas que dependem dos produtos que a companhia produz. “É um episódio muito grave, mas o impacto seria maior se fosse uma empresa de varejo, por exemplo, que depende do consumidor final”, afirma.

Na avaliação de Vieira, a companhia aprendeu lições importantes após o desastre de Mariana, o que pode ajudar a lidar com o episódio em Brumadinho. “Eles melhoraram em transparência e na comunicação com investidores e com a sociedade”, diz.

As ADRs (American Depositary Receipts) das ações da Vale desabavam 11,6%, vendidas a 13,13 dólares, na bolsa de Nova York no início da tarde desta sexta-feira. O índice Dow Jones avançava 0,95%.

A B3, bolsa de São Paulo, está fechada hoje devido ao feriado em comemoração ao aniversário da cidade.

O incidente interrompe uma onda de boas notícias para a companhia. As ações da empresa vinham subindo desde o início do ano. No início do mês, o banco BTG Pactual previa que a mineradora atingiria em breve o patamar de R$ 100 bilhões de dólares em valor de mercado, impulsionada pelo cenário macroeconômico.

O presidente da empresa, Fabio Schvartsman, havia anunciado no final do ano passado sua intenção de permanecer na empresa por ao menos mais dois anos. “Eu não poderia me divertir mais do que gerindo esta empresa”, afirmou na época.

O bom momento da empresa se devia em parte aos investimentos acertados em minério de mais qualidade e ao crescimento da demanda da China pelo insumo, para reduzir a poluição.

Schvartsman assumiu a empresa após a entrada em operação da mina gigante de minério de ferro de alta qualidade S11D, no Pará, entre 2016 e 2017, cujos investimentos totalizaram 14,3 bilhões de dólares.

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