Entenda como será avaliado se vacina contra covid-19 tem eficácia

Fabiana Cambricoli

Estudos clínicos de eficácia de uma vacina não avaliam somente se um imunizante é ou não eficaz, mas o tamanho dessa eficácia. Se esse índice é baixo, não costuma valer a pena, em termos epidemiológicos e financeiros, adotar o produto como estratégia de prevenção no âmbito da saúde coletiva.

Na maioria dos casos, as agências regulatórias, como a Anvisa, exigem 70% de eficácia de uma vacina para que ela recebe a licença. No caso de uma possível vacina contra a covid, já se assume que ela poderá ser aprovada no Brasil e em outros países se tiver eficácia mínima de 50%. Mas como esse índice é calculado?

Segundo especialistas, o indicador será descoberto a partir de cálculos que irão considerar o número de infectados por covid-19 nos dois grupos participantes do estudo clínico: aquele que tomou a vacina e o que tomou o placebo. “Primeiro, verifica-se quantas infecções ocorreram em cada grupo e calcula-se a incidência correspondente no grupo total. Então, tem uma fórmula para calcular eficácia: é a incidência no grupo placebo menos a incidência no grupo vacinado dividido pela incidência no grupo placebo. O resultado é multiplicado por 100 para chegar ao índice percentual de eficácia”, explica Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas.

A explicação é uma simplificação dos cálculos feitos pelos pesquisadores, que utilizam programas estatísticos sofisticados para tais análises. Mas dando um exemplo em números: se os cientistas verificarem que no grupo placebo a incidência de covid foi 20% e, no grupo vacinado, foi de 10%, a conta seria 20 menos 10, e o resultado (10) seria dividido por 20, chegando ao índice de 0,5, que multiplicado por 100 chegaria a uma eficácia de 50%.

Claro que, na prática, muitos outros dados são considerados. Para que esse resultado tenha o chamado “poder estatístico”, é necessário haver um número mínimo de infectados para tornar a amostra confiável. Em outras palavras, se esses cálculos são feitos com um grupo muito pequeno de pessoas, há chance de os resultados encontrados serem fruto do acaso e não realmente do poder da vacina, por isso os cientistas dizem que as diferenças de incidência encontradas nos dois grupos precisam ser “estatisticamente significativas”.

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