Curta-metragem conta a trajetória e a importância das araras em Mato Grosso do Sul

Curta-metragem aborda o impacto do desmatamento, a migração e a vida das aves nos centros urbanos

Naiane Mesquita

Parte do charme de Campo Grande, as araras são as protagonistas de um curta-metragem que percorre os pontos mais significativos para a espécie no centro urbano. Com direção de Lú e Rosiney Bigatão, o projeto Campo Grande das Araras ainda está em fase de gravação das cenas, que ocorre tanto na Capital quanto no Pantanal sul-mato-grossense.

“Nessa fase, nós gravamos aqui em Campo Grande. Percorremos os ninhos, acompanhamos as araras, os biólogos e o pessoal do Instituto Arara Azul em diversos trabalhos de campo. Entrevistamos, além disso, artistas e fotógrafos”, explica Lú Bigatão.

De acordo com a diretora, ainda ocorrerá uma captação de imagens no Pantanal. “Está faltando agora em janeiro a gente fazer uma captação de imagens no Pantanal. Contamos um pouco a história da arara lá e como ela vem parar na cidade, abordando o desmatamento e as queimadas. A gravação está programada para janeiro, se der tudo certo em relação à pandemia, na região de Miranda”, ressalta.

O projeto foi contemplado no Fundo Municipal de Cultura/2019 (FMIC/Sectur/Prefeitura de Campo Grande) e busca desenvolver uma narrativa híbrida, mesclando a linguagem do documentário e a ficção. O filme pretende lançar um novo olhar sobre a presença das araras no meio urbano e a relação que as pessoas têm com as aves e todo o meio ambiente.

“Faz tempo que a gente tem vontade de falar das araras, sobre essa relação que elas têm com a cidade. Fomos contemplados pelo FMIC, da Sectur e da prefeitura, o que possibilitou a realização do projeto. Na verdade, o projeto tem várias ações, uma delas é esse curta-metragem, que tem uma realização interessante em que mostramos o ponto de vista das araras, misturando um pouco de ficção. Então tem muitas imagens gravadas a partir de drones, feitas em andaimes pela cidade, apresentando o ponto de vista das aves, como elas observam os humanos e, por fim, como os humanos as observam”, pontua a diretora.

Convívio

Estima-se que mais de 700 araras circulem pela área urbana do município, que já fez várias homenagens às aves, de esculturas a pinturas em prédios. A presença das araras é tão intensa que até mesmo uma espécie híbrida surgiu na região, um cruzamento entre as araras vermelha e canindé, as mais populares na cidade.

Segundo a diretora, todas essas questões são apresentadas no projeto, que além do filme terá um site especial com informações sobre as aves e o Circuito das Araras, um roteiro turístico em Campo Grande identificando os lugares mais frequentados pelas espécies, que moradores e turistas poderão percorrer para observá-las de carro, a pé ou de bicicleta.

“Também faremos cinco curtas mais educativos, trabalhando a questão das aves urbanas, mostrando o trabalho do Instituto Arara Azul e do Cras [Centro de Reabilitação de Animais Silvestres]”, pontua Lú Bigatão.

O projeto ainda prevê o plantio simbólico de 50 mudas de espécies importantes para a sobrevivência das araras.

“No início do projeto, nós questionávamos bastante as araras viverem nas cidades. Mas conversando com os especialistas chegamos à conclusão que se elas estão aqui, se estão procriando e aumentando, é porque têm alimento e condições favoráveis para isso”, explica.

Segundo a diretora, apesar de não ser o ideal, com o desmatamento e as queimadas fica cada vez mais difícil a sobrevivência das espécies no habitat original. “Por isso elas acabam migrando. Campo Grande é uma das cidades mais arborizadas, e nesses coqueiros e palmeiras pela cidade que elas fazem o ninho”, frisa.

De acordo com a diretora, as gravações devem continuar nos próximos meses e o lançamento dos curtas acontece no primeiro semestre de 2021.

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