Campo Grande piora situação no Prosseguir e feriado prolongado será de alerta

Campo Grande passou do grau tolerável para o de risco alto da Covid-19 e especialista avalia que situação é reflexo de flexibilizações
Daiany Albuquerque

A situação de Campo Grande regrediu no Programa de Saúde e Segurança da Economia (Prosseguir), criado pelo governo do Estado para ajudar os municípios a decidir sobre as medidas tomadas devida a pandemia da Covid-19.

A cidade saiu do grau tolerável e foi para o grau alto.

Para especialistas e autoridades de saúde, isso se deve as flexibilizações que o município aplicou ao longo de setembro e também um reflexo das aglomerações registradas durante o feriado de 7 setembro.

A preocupação agora é que a situação piore devido ao fim de semana de feriadão prolongado.

“Vamos colher o que nós plantarmos, se plantar aglomeração, não usar de máscara e desobedecer regras de higiene, daqui a 20 dias vamos colher os frutos como colhemos o feriado passado”, declarou o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende.

Segundo o secretário, apesar de o Estado ter conseguido reduzir a média móvel de casos e de mortes em relação ao período mais grave da doença, Mato Grosso do Sul ainda tem média de mortes acima das 10 por dia.

“Temos a compreensão de que a população está no limite, não aguenta mais, mas pedimos para que as pessoas não aglomerem, não frequentem lugares turístico sem reserva para não ter superlotação e mantenham regras de higiene e distanciamento”, frisa o secretário.

Para Resende, o calor e a reabertura da fronteira com o Paraguai podem ser chamarizes para aglomeração.

“Podemos voltar a ter uma taxa de contágio acima de 1 se houver as mesmas cenas que vimos no 7 de setembro. Esperamos que outubro possa se comportar melhor que setembro, que já foi melhor que agosto”.

PROSSEGUIR

Quase metade dos municípios de Mato Grosso do Sul tiveram piora nos índices relativos à Covid-19, o que os fez regredir no grau de risco do Prosseguir.

Além de Campo Grande, que no mês passado estava no grau médio e voltou para o risco alto, o relatório situacional do Programa, atualizado ontem (8), mostrou que outros 35 pioraram.

Conforme o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, na semana, 31 municípios mantiveram a classificação de risco e 13 melhoraram também.

O Estado não tem nenhuma cidade em risco extremo e também nenhuma em risco baixo.

“O Prosseguir, no nosso entendimento, tem ajudado a balizar as ações do governo do Estado e quero chamar a atenção que o programa é justamente para isso, não é alarmista, não é para a gente ficar confortável, é um senso de realidade que nos é colocado”, disse.

“Nós podemos ver que a pandemia está presente, que a maioria dos municípios nós tivemos uma piora de quadro, que ainda temos que tomar cautela, cuidado, para que a gente não perca o controle da evolução da pandemia”, completou.

De acordo com o grau de risco de cada município, o programa recomenda medidas a serem tomadas para desacelerar o contágio pelo novo coronavírus.

TAXA DE CONTÁGIO

Segundo o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, o feriado prolongado pode contribuir para que o atual platô da pandemia no Estado e a situação no Prosseguir permaneça por mais algum tempo.

Nesta semana o Estado conseguiu chegar a menos de 1 a taxa de contágio (ontem era de 0,98) e o pesquisador avalia que isso é o resultado da adoção de medidas de higiene e distanciamento, aliada a imunidade de rebanho.

“A tendência de queda significa adesão às medidas de distanciamento e uso de máscara. Tem bastante pessoas ainda suscetíveis, tem um platô elevado”, disse.

“O Rt [índice de reprodução do vírus] menor que 1 significa estabilização elevada, para se ter uma tendência de queda precisa ter um Rt de, pelo menos, duas semanas a quatro menor que 1. A gente não entrou em tendência de queda importante ainda”, completou o pesquisador.

Conforme Croda, quanto mais próximo de 0, mas clara será a tendência de queda de casos e mortes no Estado. “As próximas semanas devem ter um movimento mais forte de queda”. (Colaborou Glaucea Vaccari)

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