Bolsonaro nega ligação com milícia e defende muro de Trump para TV dos EUA

Julia Braun, de Washington, D.C.

Em entrevista à emissora americana Fox News, o presidente Jair Bolsonaro rebateu acusações de que teria ligações com milícias e com um dos policiais apontado como responsável pelos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco em março de 2018.

“Sou ex-capitão do Exército brasileiro e muitos policiais militares do Rio de Janeiro são bons amigos meus. Por coincidência um desses supostos assassinos de Marielle morava do lado oposto da minha rua”, afirmou, sobre o sargento reformado Ronnie Lessa, preso na semana passada.

Bolsonaro foi questionado sobre as ligações estabelecidas pela oposição entre Lessa e seu governo, após o ex-sargento e o ex-policial Élcio Queiroz terem sido detidos e denunciados pelos assassinatos de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.

Lessa e o presidente têm casas do mesmo condomínio na Zona Sul do Rio de Janeiro. “Eu nunca vi aquele senhor no meu condomínio”, disse. “Só descobri que ele morava lá depois que as notícias se tornaram públicas”.

Bolsonaro também declarou que não conhecia a vereadora carioca antes de sua morte.

O presidente concedeu a entrevista à jornalista Shannon Breen na tarde desta segunda-feira 18 na Blair House, onde está hospedado em Washington.

A Fox News é conhecida por ser uma emissora mais à direita do espectro político e pouco crítica ao governo de Donald Trump.

“A maioria dos imigrantes não tem boas intenções”

À Fox, Bolsonaro também falou sobre seu encontro com o presidente Donald Trump, marcado para esta terça na Casa Branca. O presidente reconheceu que tem muito em comum com o líder dos Estados Unidos e que gosta das comparações.

“Eu sempre o admirei, não vou negar isso”, afirmou. “Eu fui muito criticado por isso, mas eu sou uma pessoa direta e honesta”.

Desde que foi eleito, Bolsonaro passou a ser chamado pela imprensa internacional de “Trump dos trópicos”, por suas posições políticas semelhantes às do presidente americano.

O brasileiro afirmou ver “com bons olhos” a construção de um muro na fronteira com o México, um dos principais projetos da administração do líder republicano. “A maioria dos imigrantes não tem boas intenções para os Estados Unidos”, disse.

“Eu estou disposto a abrir meu coração para ele e fazer o que for bom para o benefício de nós dois e do povo americano”, disse, sobre suas intenções para a reunião na Casa Branca.

Bolsonaro ainda foi questionado pela jornalista Shannon Breen sobre como se sente ao ser tachado por muitos como homofóbico, racista e misógino. “Se eu fosse tudo isso eu não teria sido eleito presidente”, afirmou, atribuindo muitas das críticas feitas sobre seu governo e suas visões a notícias falsas.

Em discurso a empresários brasileiros e americanos em Washington nesta segunda, o presidente acusou os governos de seus antecessores de tratar os Estados Unidos como “inimigos” e afirmou que sua administração será marcada por “laços de amizade e negociações” com esse país.

O presidente participou de uma cúpula organizada pela Câmara de Comércio americana sobre o Brasil. Também foi a reuniões com a diretora da CIA, Gina Haspel, e com o ex-secretário do Tesouro americano, Henry Paulson.

Além do encontro com Trump nesta terça, Bolsonaro fará uma visita ao tradicional Cemitério Nacional de Arlington, onde estão enterrados muitos veteranos de guerra americanos.

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