Bolsonaro: caso de ex-assessor com R$ 1,2 mi sob suspeita ‘dói no coração’

João Pedroso de Campos

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) voltou a comentar nesta quarta-feira, 12, o caso de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro que teve 1,2 milhão de reais em transações financeiras apontadas como suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). No fim de uma transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook, Bolsonaro declarou que o “problema” “dói no coração”, mas que cabe a Queiroz dar explicações à Justiça, a partir da próxima semana.

“Se algo estiver errado, que seja comigo, com meu filho ou com Queiroz, que paguemos a conta deste erro, que não podemos comungar com erro de ninguém”, declarou o presidente eleito. “Dói no coração da gente? Dói, porque o que nós temos de mais firme é o combate à corrupção”, acrescentou, destacando que o próprio Coaf migrará do Ministério da Fazenda para o da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sergio Moro, em seu governo.

Jair Bolsonaro ressaltou, contudo, que ele, Flávio e Queiroz não são investigados na Operação Furna da Onça, em cujo âmbito o relatório do Coaf foi produzido. “O que a gente mais quer é que seja esclarecido o mais rápido possível, sejam apuradas as responsabilidades, se é minha, do meu filho se é do Queiroz, ou de ninguém, porque, afinal de contas, o Queiroz não estava sendo investigado, foi um vazamento que houve ali. Não sou contra vazamento, não, tem que vazar tudo mesmo, nem devia ter nada reservado, botar tudo pra fora e chegar à conclusão”, disse ele.

Entre as movimentações financeiras em uma conta de Fabrício José Carlos de Queiroz apontadas como “atípicas” pelo Coaf está um cheque de 24.000 reais destinado à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Na última sexta, o presidente eleito explicou que o pagamento correspondia a uma dívida de Queiroz com ele, e que o valor total seria de 40.000 reais.

Segundo Bolsonaro, o valor, pago com dez cheques de 4.000 reais, não foi declarado por ele em seu imposto de renda. Durante o final de semana, ele disse, sobre não ter omitido o montante recebido, que arcaria com a “responsabilidade perante o fisco”.

Questionado sobre o porquê de o dinheiro ter sido pago a Michelle, o presidente eleito respondeu que isso se deu por uma “questão de mobilidade”, pois, nas suas palavras, “[Bolsonaro] não tem tempo de sair”.

Uma das filhas de Fabrício Queiroz, Nathalia Melo de Queiroz, trabalhou tanto no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quanto no de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Conforme VEJA revelou, ela é uma dos sete ex-assessores de Flávio que fizeram transferências eletrônicas à conta de Queiroz. Nathalia repassou 84.110 reais ao pai.

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