Santa Casa alega superlotação e barra entrada de novos pacientes

Hospital aponta que está sendo preciso utilizar ventilador manual tanto em pacientes pediátricos quanto em adultos na unidade

Leo Ribeiro

Superlotada e sem previsão de quando as coisas devem melhorar, a Santa Casa de Campo Grande aponta para um cenário crítico e, segundo o diretor-técnico, Willian Lemos, é preciso uma análise da complexidade dos pacientes, fator que tem impactado mais a situação do que o próprio volume de entrada de novos casos.

“Pelo menos aqui na Santa Casa, o perfil de pacientes que tem chegado de maior volume, nos impactando bastante, são pacientes críticos, especialmente os cardiológicos e pediátricos”, esclarece o diretor-técnico, em entrevista ao Correio do Estado.

Dos setores da unidade, ele ressalta que a superlotação é grande na área vermelha, responsável pelos atendimentos críticos, com pacientes entubados, em hemodiálise e em estabilização clínica.

“Nós temos 6 leitos de atendimento de emergência, não é nem de internação, mas acabamos de admitir o nosso 26º paciente lá dentro. Na nossa área verde nós temos uma capacidade para sete atendimentos, mas, no momento, nós estamos com 46 pacientes”, revela.

Conforme a Santa Casa, Sesau; Ministério Público e Conselho Regional de Medicina foram informados sobre a barragem de novos atendimentos.

Pediatria

Ainda na manhã desta segunda-feira (03), com alerta viral para as crianças, o secretário municipal de Saúde, Sandro Benites, frisou que Campo Grande recorreu iniciativa privada, com os hospitais privados passando pela mesma situação (de superlotação), pedindo até mesmo vaga para o município.

Quanto a esse recorte específico, Lemos também ressalta a situação de epidemia de vírus respiratórios, sendo que não há nenhum leito pediátrico disponível na Santa Casa.

“Até leitos privados utilizamos com pacientes SUS. E ainda assim, no local disponível apenas para três leitos (a área vermelha da pediatria), estamos com seis pacientes, esperando a chegada de mais dois”, diz.

Com esses pacientes apresentando quadros respiratórios, boa parte precisa recorrer à entubação.

“Nestes últimos dias nós temos, infelizmente, em algumas oportunidades – tanto em pacientes pediátricos quanto adultos -, usado o ventilador Ambu, que é um balão manual que ventila o paciente, porque não tinha nem mais respirador, dado o tamanho da superlotação”, revela.

Segundo o diretor-técnico, devido à interdição de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Capital, o impacto na Santa Casa tem sido maior, uma vez que, conforme Lemos, a unidade acaba “abraçando” o fluxo de pacientes de Campo Grande e do interior, e acaba não dando conta da demanda.

“Também percebemos que a quantidade de leitos críticas (UTI), é menor que a capacidade e, especialmente no interior, é muito deficitária no interior, e recebemos um grande número de pacientes de lá, que já são mais graves. Eu não consigo dar o volume de giro que é necessário e os pacientes não param de chegar”, finaliza ele.

Colaborou Naiara Camargo*

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