BRASIL… ALERTA… PERIGO…MORTES…

Em sete dias, o Brasil viu os casos de infecção pelo novo coronavírus darem um salto de 143%. Há uma semana, as ocorrências de Covid-19 eram 1.604, e neste sábado (28/3), chegaram a 3.904. Acompanhando o crescimento, o número de mortes também é alarmante. Os 25 óbitos do domingo passado já subiram para 114 (aumento de 356%). Esse dados seriam suficientes para acender uma sirene de alerta no Palácio do Planalto, mas o presidente Jair Bolsonaro parece não se abalar com os acontecimentos. O risco maior no momento, para ele, é a onda de desemprego e de desaceleração da economia nacional.

Por mais que as mortes venham, ele diz que “o brasileiro tem que ir pra rua trabalhar”, em uma atitude que vai na contramão do que têm feito outros mandatários ao redor do mundo.

Por mais que Bolsonaro tente diminuir a importância do isolamento em massa, o mundo inteiro segue as medidas restritivas.

A depender das decisões do chefe do Palácio do Planalto, o Brasil pode presenciar o mesmo que ocorreu em Milão, onde, há um mês, o prefeito local, Giuseppe Sala, propagou a campanha “Milão não para”. À época, a região da Lombardia, onde fica Milão, tinha 250 pessoas com Covid-19 e 12 mortes. Agora, a região é a mais atingida na Itália pela Covid-19: são pelo menos 39.415 infectados e 5.944 óbitos. Só em Milão, 7.783 já foram contaminados e 314 morreram. Na semana passada, Sala reconheceu o erro.

Especialistas alertam para os riscos do descaso presidencial com o agravamento da Covid-19. O cientista político Ian Bremmer, presidente e fundador da Eurasia Group, consultoria especializada na análise de riscos políticos globais, classificou Bolsonaro como “o líder mundial mais ineficiente na resposta ao coronavírus”. “Ele está detonando os governadores que estão tomando medidas de bloqueio. Danificará seriamente seu mandato”, analisou, em uma rede social.

Já a economista Monica de Bolle alertou que a “irresponsabilidade” do presidente “levará a milhares de mortes evitáveis”. Para ela, é “falaciosa” a ideia de que é melhor deixar a economia respirar sem a adoção de medidas sanitárias. Se isso acontecer, pontuou ela, “as pessoas vão morrer muito mais do que em qualquer situação em que se tenha os controles adequados que os infectologistas estão recomendando mundo afora”.

“A única opção que existe é deixar as medidas sanitárias no lugar. Nesse quadro em que não há medida sanitária sendo erguida, você tem o total colapso do sistema de saúde do país e, evidentemente, colapso social, colapso político e colapso econômico. Se o Brasil resistir (contra o isolamento social), o que vai acontecer é um cenário de catástrofe ou algo muito parecido. Ou seja, a gente teria que reconstruir o país inteiro depois disso”, afirmou de Bolle.

Augusto Fernandes/Correio Braziliense
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